Ora Então Um Grande Bem Haja ... oprazerdainsolencia@sapo.pt
o prazer da insolência está moribundo como que à espera de ser agredido violentamente por alguém que irado pelas horas desperdiçadas numa repartição das finanças se sinta ultrajado com o facto de eu o ter chamado "otário", algo que de facto não fiz, é uma confusão frequente, "otário" é uma palavra bonita e flui de uma maneira apetecível desde a sua origem nas minhas cordas vocais até ao ouvido de um eventual receptor da mensagem, apesar de tudo, pessoas que desconhecendo a minha paixão pela palavra "otário" insistem em aceitá-la como uma ofensa maliciosa, directa e pessoal, isso seria correcto se eu dissesse a título exemplificativo "tino de rans és um otário, sim tino de rans é para ti, de facto és um otário", acho que se assim fosse, ficaria demonstrada claramente a intenção vincadamente maliciosa nas palavras, contudo acontece que por vezes digo "otário" sem razão aparente. sou capaz de estar à espera na fila de supermercado durante largos minutos devido a problemas no pagamento do senhor que segue à minha frente que se esqueceu de trazer dinheiro, livro de cheques e não se recorda do código do cartão e exclamar "foda-se otário do caralho", mas isto sem nenhum propósito específico, ofender não o fará dispachar-se mais depressa e dar a entender que ele de facto é um otário também não, então porque haveria de o ter dito com essa intenção? não faz sentido.
ofender não faz sentido, foi a essa conclusão a que cheguei, às tantas vou na estrada e um taxista desrespeita como de costume as regras das prioridades numa atitude altiva do género "eu conduzo 40 horas por dia por isso não tenho de esperar que tu avances só porque vais cansado depois de um extenuante dia de trabalho (praia), sou o rei da estrada e se refilares, aumento sem razão a tarifa a esta senhora de idade que transporto no banco de trás que vem da caixa onde acabou de levantar a reforma, é isso que queres? que a velha pague pela tua lealdade às normas de tráfego? então deixa-me passar" quem nunca ouviu este discurso por parte dos taxistas e que tantas prioridades lhes tem valido? é natural então que por razões que a razão desconhece surja um "otário de merda", não necessariamente para o taxista que eu não quero que a idosa sofra as consequências, mas apenas pela satisfação que a ofensa para o vazio representa.
tenho por hábito reger-me pela lei da lógica, então se pela lógica ofender não produz resultados práticos, deixei de ofender. por outro lado, recalcar sentimentos decorrentes de situações que suscitem má disposição e consequente vocabulário carregado tendo em vista um alvo definido não me parece adequado, "o quê? o co adrianse vai meter o alan??? foda-s* estúpido do caralh*, sempre a mesma merd*, o cabrã* do holandês ainda não aprendeu que o outro otário não joga um peido? foda-s*..." (reparem como pela lógica da ofensa banal e gratuita, a palavra que inicia a frase, por norma, também a encerra)
esta análise termina com a ideia de que a ofensa acaba sempre por ser canalizada de duas formas, no trânsito, onde estamos rodeados por uma carcaça metálica que nos protege e nos impede de chegar a vias de facto ("eu até lhe dava mas não podia tar a sair do carro e então fugi porque ele era grande, de cor e vinha a correr atrás de mim com uma caçadeira"), e no estádio de futebol onde queremos agredir o treinador, o árbitro ou o pauleta (reparem como dei o merecido destaque ao nosso avançado) mas que por azar sempre que tentamos ir lá para lhe enviar um sopapo aparecem logo 150 agentes da PSP, grades com arame farpado, um fosso, uma equipa de stweards e uns snipers nos holofotes prontos a disparar a quem se chegue ao relvado ("é que se não fosse isso eu ia-lhe aos cornos")... é impressão minha ou a malta recorre descaradamente ao subterfúgio por demais evidente? ... otário
ora então um grande bem haja